segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Beija-flores sem suspense

Um dia, no supermercado, ele quis comprar um recipiente para alimentar beija-flor. Depois, passamos no pet shop e ele perguntou para o dono o que era melhor para atrair o pássaro e saímos de lá com um néctar que não causa fungos (o grande perigo para o beija-flor, pois o fungo pode matá-lo). Em casa, já de noitinha, fizemos o néctar e achamos o melhor lugar para colocar o alimentador, pendurado no aro da cesta de basquete, protegido pela buganvília. Na manhã seguinte, ele esperou os beija-flores chegarem e não ficou decepcionado, contou quatro. Era o tema para a poesia do dia seguinte. Tentei fazer um pouco de suspense no texto:

Eles vieram!!!
Chegaram voando
Velocidade ultra-rápida
Corpos frágeis
Porém determinados
De onde surgem esses seres alados?
Vieram para nos deixar amedrontados?
Apenas não gostam de ser incomodados

Viajantes espaciais
Azul-esverdeados
ou
Verde-azulados
Buscam um combustível
Um precioso líquido
Lhes dá um poder incrível,
De paralisar os seres humanos
Que os olham boaquiabertos
E ficam com uma sensação de alegria
Euforia

Esses seres minúsculos
Têm o poder de ser tão rápidos
Mas conseguem parar no ar

O combustível que os alimenta
É feito em um só lugar
Em Curitiba
Perto do Parque Tanguá
É uma poção cor-de-rosa
Que eles bebem todo prosa

O Tito e a Teté já os viram
Quatro de uma vez
Que amores
São apenas
Beija-Flores


À noite, perguntei se ele, quando começou a ler, havia pensado que a poesia seria sobre outra coisa. Ele, para minha decepção, disse "que nada, pai, desde o começo já sabia que era sobre beija-flor".

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