quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Explosão de alegria

O filho foi ver, agora de perto, o espetáculo de Natal do Palácio Avenida:

Explosão de alegria
Todas as cores do riso
Um momento para sempre
O espetáculo de fogos de artifício
É iluminado pelo rosto das crianças

Mais aliterações

A bola bateu no Bruno
Pulou o pátio principal
Caiu na quadra catorze
Rodou rente à risca
Arisca
Fez falta no Francisco
Gemeu junto ao goleiro Gilmar
Gorda e gaiata gritou
GGOOOLLLLL!!!!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Vento

O vento voa veloz
Vira a vela da vovó
Varre o avental no varal
Alvoroça o verde das árvores
Volteia o vidro da varanda
Assovia um uivo vertiginoso
E vai viajando avante

Explosão de luzes

O filho foi na casa das tias ver, de longe, os fogos do Natal do Palácio Avenida:

São luzes que explodem
Fazem um barulhão
Clareiam o céu
Provocam emoção

A noite quase vira dia
Um dia multicolorido

As cores pulam de foguetes
Fazem desenhos gigantes
Até as estrelas param para ver

Quem não gosta são os passarinhos
Se tivessem mãos
Tapariam os ouvidos

A cadela Laika morria de medo
Acalmá-la era difícil
Quando ouvia o barulho
dos fogos de artifício

Zum zum zum

Zum Zum Zum
As abelhas saíram da colméia
Brabas
Havia um intruso
Dos grandes

"TODO MUNDO PICANDO"
Gritou a chefa abelhuda
E foram ao ataque
Mas
Pareciam estar em uma floresta peluda
O máximo que conseguiram
fazer no urso
foram cócegas

ZUM ZUM ZUM
HÁ HÁ HÁ
ZUM ZUM ZUM
HÁ HÁ HÁ

i l u s ã o

Perto
Tão perto
Que podia tocar

ilusão
Dissipou-se no ar

Longe
Tão Longe
Via-se por um triz

ilusão
Tocou-me o nariz

Animal

A pérola é uma lágrima
O marfim é um dente
A pele e a pena são roupas

O que você faria
Se alguém quisesse
Se enfeitar
Com tua pele
Teu dente
e tua lágrima?

Coral

Atchim foi passear
Levou a irmãzinha Cof-Cof
No caminho, encontrou a Snif Snif
Que esperava o Buá Buá
Que logo chegou
Junto com o Quá Quá Quá
Pronto, o coral estava completo
E eles começaram a cantar:

"Atchim - Cof-Cof - Snif Snif - Buá Buá e Quá Quá Quá"

Bicicleta

O filho começa a aprender a andar de bicicleta:

A borracha desliza sobre o asfalto
A sensação é quase de estar voando
Ao invés da força nas asas,
força nas pernas

Mas é preciso aprender
Treinar
E alguns tombos levar
De leve
Sem se machucar

A bicicleta põe dentro da gente
Um pouquinho da alma de passarinho

Amor amora

A amora beijou o bico do passarinho
Ele se assustou
nunca havia sido beijado por um lanche

"Não se assuste"
Disse a amora na língua dos passarinhos

"É que você é tão lindo, que eu não resisti"

O passarinho, desconfiado
Para outro galho pulou

"Não fuja, eu não posso te machucar"
Disse a amora, pondo as coisas em seu lugar
E uma história passou a contar:

"Desde que eu era pequenina
Um frutinha ainda verde, bem menina,
olhava de longe
imaginava o dia
que em sua boca estaria
Fui crescendo
o vermelho aparecendo
e de outros pássaros me escondendo
Hoje, chegou o dia
de estar em sua companhia
Prometi que, se esse dia chegasse,
um beijo lhe daria"

Depois da história contada
O pássaro a amora bicou
E sem a engolir, suavemente,
para o ninho a levou

Muitos beijos o casal trocou

Enfim, em um dia de chuva
Depois de muito calor
A amora já velhinha
murcha, sem muita cor
Ao pássaro pediu um último favor:

"Me coma, meu amor"

Pingüim friorento

O pingüim Pedro
É muito friorento

"Andar sem meias, não agüento"

Só quer dormir com cobertor
De pele de urso

Que susto quando o urso acorda

Aí o Pedro mostra
Porque é campeão
de corrida e natação

Piranha delicada

A piranha Perla
pirou o cabeção
Disse que só iria comer com a mão

"Piranha não tem mão",
disse o piranho João

"Tenho sim"
"Tem não"
"Tenho essa aqui, ó!
que guardei da última refeição"

As galinhas

Antônia foi para a Letônia

Joana, com sua bela pança,
foi para a França

Karina foi só até a esquina

Mirtes fugiu do seo João
e foi para o Japão

Raica, que tocava balalaica,
foi para a Jamaica

Bilica, a que mais berra,
foi para a Inglaterra

Mirela, que se achava a mais bela,
acabou na panela

domingo, 2 de dezembro de 2007

Porca Pipa

A porca Pipa
Tinha uma coleção de formiguinhas
Todas de porcelana chinesa
A primeira, quem deu foi a Lili
Uma gata siamesa

Pipa as enfeitava em uma mesa
Não descuidava da limpeza

Um dia, deu um jantar
Para os amigos da redondeza
O lagarto Luiz trouxe um amigo
De surpresa
Era o tamanduá Teí
Que não devia estar ali

Logo que entrou
Olhou para a mesa
O jantar era uma beleza
Teí não quis nem sobremesa
Comeu toda a porcelana chinesa

Mariela

Menino brinca de carrinho
Menina brinca de boneca
Aquela menina gosta de dar carrinho
No jogo de futebol
Ela joga duro
Com ela, o time está seguro

Zeca foi dribá-la
Quando viu, cadê a bola?
Lá ia ela nos pés da Mariela

Magricela, não dá de canela
Logo vai jogar com a camisa amarela

O que é?

Tortuosa, deslizante, insinuante
Flexível, rastejante
Grandes ou pequenas
Venenosas ou não
Sem voz, cantam com o chocalho
Quando abraçam é pra comer
Se mordem, vai doer

Dúvidas

Se o pavio queima, por que a vela não se apaga?

Quem é que joga água lá de cima quando chove?

Quando eu choro muito, fico seco por dentro?

Quem jogou sal no mar?

Como é que os homenzinhos entram na televisão?

Quem é que fala e canta dentro do rádio?

Existe passarinho mudo?

Osso

Um osso só tem valor se for um fóssil
Não é o que pensa o meu cachorro indócil
Tirar um osso dele não é tarefa fácil
Por ele, nenhum osso virava fóssil

Abigail

Abigail pulou no rio
Ficou com frio
Pediu colo para o tio
Leomar
Que gostava de pescar
De barco no mar além
Lá onde as ondas são gigantes
E os peixes também

Coitada da Tia Carmem
Que é só reza e amém
Preocupada, que o tio volte bem

Abigail não tem medo
Do mar ou do rio
Mas se a água bate na cintura
Lá vem o frio
E o colinho do tio

Bateram na porta

Nossos alimentadores de beija-flores foram invadidos por formigas, abelhas e vespas. Tivemos que dar um tempo com eles. Mas um dia:

Bateram na porta
Uma batidinha levinha
Quase muda
Unha do dedo mindinho

Abri
Não vi ninguém
Fechei
Será que imaginei?

Mas lá veio novamente
tic-tic-tic
Fiquei quieto, escutando
Pra ter certeza

tic-tic-tic

Tinha mesmo alguém
De novo abri
E vi
Quatro beija-flores

VRUMM - VRUMM

Batiam asas perto de mim
Tentavam falar
Eu tentava escutar
O bater de asas
Ficava forte ao se aproximar

Um pousou no meu ombro
Pediu para os outros se acalmarem
Então pude ouvir
Um beija-flor a pedir:

"Amigo, agora que as abelhas, as vespas e as formigas foram embora, você poderia por de novo o nosso néctar?"

Manhã de sol

Depois de vários dias de tempo fechado, o pai acorda cedo e olha pela janela:

O tronco do eucalipto
Vira ouro
Banhado ao sol da manhã

A inocente joaninha
Devora os pulgões da azaléia

A borboleta
Recém-saída do casulo
Começa a esticar as asas

Dentro de casa
O menino dorme tranqüilo
Sonhando com tudo isso

Suricatos

O canal Animal Planet passa uma novela com uns bichinhos, os suricatos. Pai e filho assistíamos a um capítulo em que um dos bichinhos deixa a família - eles são animais sociais - e tem de tentar a vida sozinho. Vai passar por perigos, ter dificuldade em encontrar comida sozinho. Tudo para tentar encontrar uma fêma e formar nova família. O pai tenta aproveitar o momento para conversar com o filho:

- Sabe, filho, os humanos também podem passar por perigos às vezes ...
- Que perigos?
- Ah, muitos. Pode encontrar bandidos. As drogas também são muito perigosas, podem até matar.
E o pai continuava conversando, quando o filho interrompe e resume:

- Eu sei papai, o importante é se alimentar bem para poder namorar as fêmeas.

O macho deixa a família
Vai viver a vida
Solitário
Evita os bandos inimigos
Escapa das armadilhas
Precisa se alimentar bem
E não se perder pelo caminho
Para namorar as fêmeas
Ganhar e dar carinho

Bagunça de feriado

No feriadão, três primos ficaram lá em casa numa festa toda deles:

Uma, duas, três
Quatro crianças de uma vez

Muito brinquedo
Quanta diversão
E pros pais um trabalhão

Para alimentar esse batalhão
Só com muito pão
cereal e macarrão

Língua do P

O pato patético
Picopicou o pito do pinto

O pato poético
Poetou um poema prosaico

O pato pobre
Pediu patacas ao Patinhas

O pato pintor
Pintou uma pata pelada

O pato palerma
Progrediu na política

E

O pato ator
atuou por todos

O que é?

O vento veio e ele rodou

Feliz com a vida que o fez girar

Para ele, sem vento

sem vida

O vento convida

a viver

virar

voar

voltear




Era um catavento, o filho acertou

Reino da confusão

Era uma vez uma casa
No Reino da Confusão
Era briga que começava na sala
E terminava no portão
Se iniciava no sótão
Ia até o porão

Veja os nomes da família
E vai entender a razão:

O filho mais novo, ainda bebê: PIPAROTE
Os dois irmãos: TAPA e CASCUDO
A mãe: Dona PORRADA
O pai: Seo MURRO
Os tios: SOCO e BIFA
A prima: BOFETE

O único que não brigava
Era o primo CACETE
Quando cresceu
foi ser lutador de boxe

Alimentador

O beija veio beijar
O néctar na minha mão
Não esperou eu pendurar
O alimentador
Pousou e me olhou
Antes de ir embora
Mais um gole tomou

Terminei então de pendurar
O alimentador
Fiquei a olhar
O bichinho voltou
Bebeu e pousou
E bebeu e pousou
Antes de ir embora
Na minha cara arrotou

BLARG!!

domingo, 11 de novembro de 2007

Girinos e peixes

Lembram daqueles girinos e peixinhos pegos no Parque Tanguá? A historinha está aí por baixo. Mas o filho, depois de algumas semanas, quando os girinos já estavam virando sapinhos, decidiu devolvê-los à Natureza, lá mesmo no Parque Tanguá:

Lá vai o menino
Mudar novamente o destino
De um bando de girinos

Não estão sozinhos
Acompanham mais dois peixinhos

A missão é uma beleza
Devolvê-los à Natureza

Na volta, ele avisa
Depois da missão completa:
"Ainda não desisti
de ter um peixe Beta"

Judô

Agora o filho quis fazer aula de judô. Ontem, foi a primeira. Ele disse que adorou.

Árvore que ao vento não se opõe
Aceita-o
Dança com ele
Dobra-se
Deixa-o passar
Esta não vai se quebrar

No judô
Um é a árvore
O outro o vento

Aceitar a força do outro
Usá-la a nosso favor
Eis o que nos ensina
O vento
A árvore
A Natureza
E o judô

De leite

Estão juntos desde que um deles nasceu
O surgimento de um causou dor no outro
Foi só no começo
Agora vivem juntos todo dia
É assim há anos
Mas chega a hora da separação
Um deles
O que vai partir
Está todo mole
Parece que já vai saindo
Quando cair
O outro o põe
debaixo do travesseiro
Para a fada do dente
Trazer um presente

Pedreira

Papai foi a um show na Pedreira
Fiquei quase a noite inteira
Tinha uma que cantava que não era brincadeira
Outra, uma banda de rock pauleira
E a última, pra mim, faz besteira

Escrevi sobre as três, menos a primeira
Cheguei atrasado
Já havia tocado

Dormi pouco e estou cansado
Agora já vou pois está na hora
Te deixo um beijo
Sei que você adora


O filho diz que não gosta de beijos, só os da maminhoca

Pressão

Era um sábado, eu estava em casa com o filho, tomando café da manhã e ele perguntou se naquele dia eu não iria fazer uma poesia para ele. Disse que não iria trabalhar, que iria ficar em casa, com ele, mas o filho insistiu que queria. "Pode fazer como você faz todo dia", e ficou ali olhando, esperando, fazendo pressão. Acho que queria ver como eu fazia. Saiu isso:

Tito pegou no meu pé
Porque não fiz poesia
Mas estava fazendo café
Escrever ainda não podia
Agora já acabei, né
Taí o que você queria

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Jornal na escola

Papipoca (que é como o filho me chama) foi convidado para ir até a escola do filho, para conversar com a turma dele:

Ontem o pai voltou para a escola
Para o primeiro ano do Anjo
A turma do filho o convidou
Eles vão fazer um jornal
Queriam aprender com um profissional

Foi um papo legal
As crianças fizeram um monte de perguntas
Papai respondeu uma por uma
Não todas juntas

Agora as crianças são pequenos jornalistas
E a Mirian que era professora
Virou uma editora

Temporal

KABRUMMM!
O trovão gritou forte
E a água caiu
Muita água e vento
Para sacudir as árvores
Molhar as pessoas
E a luz lá de casa, ó ...
Primeiro apagou e aí
voltou e aí
apagou e aí
voltou e aí ...
Ufa, ficou bem fraquinha
Não deu pra ver TV
Não deu pra tomar banho
Só de chuva
Esse banho o papai tomou
Parecia que tinha
Pulado na piscina
De roupa e tudo
Ficou tão molhado
Tomara não pegue um resfriado


(30/10/07)

Campeonato de xadrez

Alguns posts abaixo vocês viram que o filho começou a aprender a jogar xadrez. Poucas aulas depois e ele já participa de seu primeiro campeonato:

No sábado, o que o filho fez?
Foi jogar xadrez
Um tempão
6 partidas de um torneio
Não foi campeão
Nem fez feio
Foi a primeira vez em uma competição
Ganhar, perder, o importante é aprender
O xadrez, para se jogar, tem de estudar
O filho disse que gostou
Jogou tanto que até cansou
E a primeira medalha ele ganhou


(29/10/07)

Gostinho de Natal

Na manhã seguinte a uma ida noturna ao supermercado:

Humm
Gostinho de Natal
Quando vou no supermercado
Tudo o que vejo
Desejo
Papai e mamãe cansam de dizer não
Até já levei sermão
Se fosse trazer tudo
Precisaria de uma fila de carrinho
E de uma fila de carteiras com dinheiro
Mas uma coisa eles trouxeram
E não acharam nada mal
Esse panetone
Com gostinho de Natal


(26/10/07)

História de mistério

Essa ele não soube adivinhar o que era. Vocês lêem e depois eu conto:

Pobres animais
Um foge aos pulos
Dois têm de se arrastar
Uns homens estranhos tentam chutá-los
Eles conseguem escapar
Os homens estranhos fazem movimentos diferentes
Dão piruetas
giram sobre o próprio eixo
Os pobres animais eram até então inimigos
Agora estão juntos a fugir
Conseguem se salvar
Evitando os chutes dos homens estranhos
Escapam entrando numa espécie de rede
De repente
Um objeto esférico
Enorme e pesado
Avança sobre eles
Não há mais saída
Serão atingidos
No exato momento que a bola bate
Eles ouvem um grito de criança:
GGOOOOLLLLLL!!!


(25/10/07)

É que eu acordei e vi um sapo e duas cobras (na verdade era só uma, eu me enganei) dentro do gol do pebolim, com a bola junto deles.

Um mundo diferente

É um mundo diferente
A criança mergulha nele
Imediatamente
Fica toda molhada
A força da gravidade parece diminuir
O corpo parece flutuar
Os pés não tocam mais o chão
Ação, atenção e diversão
Não, não é um mundo abissal
É a piscina do Amaral


(24/10/07)

Reencontro

Desde bem pequeno, o filho adorava brincar com dinossauros. Conhece tudo sobre eles. Mas ultimamente tem tido outros interesses e afazeres. Dia desses ele encontrou uma revista com a figura de dinossauros para pintar. Só um estava pintado:

Há tempos não se viam
Ontem se reencontraram
Grandes amigos
Um pouco esquecidos
No reencontro
Horas juntos
brincando
O Dino quieto
e o Tito pintando

Sábado em casa com chuva

Sábado de manhã
alimentar os peixes e os girinos
(será que tem alguma rã, ou são todos meninos?)
Depois, trocar o nectar para os beija-flores
VRRUMM VRRUMM
Era um deles,
beija-flor impaciente
Mal deixou trocar o recipiente

Então pai e filho
sentaram na garagem para apreciar
Tinha um mais preto,
um mais azul
e um bem verde
E tinha um com a barriga toda cinza
Tito falou que essa era a fêmea
Era mais gordinha
Barriguinha cheia de ovinhos
Foi ela que bebeu mais nectar

De tarde
Mesmo com a chuvarada
Os beijas continuavam vindo

Beija-flor
beija bem
seja bem-vindo

Depois da chuva
Papai olhava pela janela
Esperando a luz voltar
e viu três beija-flores
no mesmo fio a pousar
Mas isso nem vou contar
Ninguém vai acreditar


(22/10/07)

Petit bicô

O filho começou aulas de francês para criança na primeira turma aberta para este fim na Aliança Francesa.

Oui Oui Oui
Mon amour
Mon petit
Pra falar francês
Tem de fazer biquinho
Pouquinho?
Non Non Non
Bastanton!


(19/10/07)

Animalescos

Flaminho
encontrou o
Golfingo
Eles era primos
Depois, chegou a
Zebraco,
a vizinha
Ela era legal,
Mas a mãe dela,
dona Macabra,
assustava todo mundo,


Eles foram ver
o caminhão de mudança
Tinha gente nova na rua
Era um casal com um filhinho
a dona Rinocerafa
o seo Gironte
e o pequeno
Gnupardo,
que eles haviam adotado
e a quem amavam muito.

O motorista do caminhão,
seo Hipogriça
Já estava cansado e só queria água.

Aí chegou o
Micogüi,
que é baixinho
e todo agitado
E foram todos jogar futvôlei

(18/10/07)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Totó

No dia das crianças, o filho ganhou um brinquedo que deu um trabalhão para montar, mas depois de pronto:

O menino controla tudo
Tem os jogadores nas mãos
Inicia o jogo concentrado
Dois segundos depois
É pulo, berro e gargalhada
Só fica triste quando acaba
Mas é divertido até o fim
Ufa! Encontrei uma rima para pebolim

Epopéia infantil

Dia da Criança. Na semana, ele havia ganho dois sapinhos de um colega, que os trouxera de um pesque-pague. Infelizmente, os sapinhos não sobreviveram. Então ele ficou determinado a caçar girinos no Parque Tanguá. E lá fomos nós:

Passos confiantes
Caminhada certeira
"Armada" com copo e peneira
Lá vai a criança em seu dia
Pronta para mudar o destino
Da vida de um girino
Um? Não, um monte
Tantos que não há quem conte
Quase todos ali, ao alcance das mãos
e de um pé molhado

De longe, ele viu:
Muitas outras crianças
Haviam descoberto
Aquele local sagrado
Pensa que ficou chateado?
Que nada
Mais diversão do seu lado

De perto ele viu:
Surpresa!
Junto aos girinos,
Os peixes dividiam o lago
Faziam tumulto para abocanhar
um pão a eles jogado
Um pão molhado
Um pé molhado
Dois pés molhados
Uma bunda de criança molhada

A cada golpe de peneira
Girinos para vida inteira
Mas os peixes, cadê?
Que bicharada ligeira!


Um menino maior
Levou a coragem e a peneira
Lá para a pequena cachoeira
Demorou, mas com um peixinho ele voltou
Depois mais um, maiorzinho
Os dois e os infinitos girinos
Couberam todos no copinho

O filho voltou para casa todo molhado
Papai levava o copinho e um orgulho danado
Mais que uma pescaria com peneira
Aquilo tinha sido uma verdadeira caçada

Em casa, a mamãe amada
Escutou a história contada
Umas partes achou engraçada
Mas não ficou muito emocionada
Vendo aquela bunda molhada
"Já pro banho piazada"!


Com toda a razão, o filho reclamou. Achou que tinha exagerado no tamanho do recado. "Não acaba nunca, parece um livro de mil páginas". Então, para compensar, no dia seguinte, eu fui rápido e ligeiro:

Hoje vou fazer
Uma poesia curta
Pronto
Fiz a poesia
Agora curta


O filho achou graça.

Beija-flores sem suspense

Um dia, no supermercado, ele quis comprar um recipiente para alimentar beija-flor. Depois, passamos no pet shop e ele perguntou para o dono o que era melhor para atrair o pássaro e saímos de lá com um néctar que não causa fungos (o grande perigo para o beija-flor, pois o fungo pode matá-lo). Em casa, já de noitinha, fizemos o néctar e achamos o melhor lugar para colocar o alimentador, pendurado no aro da cesta de basquete, protegido pela buganvília. Na manhã seguinte, ele esperou os beija-flores chegarem e não ficou decepcionado, contou quatro. Era o tema para a poesia do dia seguinte. Tentei fazer um pouco de suspense no texto:

Eles vieram!!!
Chegaram voando
Velocidade ultra-rápida
Corpos frágeis
Porém determinados
De onde surgem esses seres alados?
Vieram para nos deixar amedrontados?
Apenas não gostam de ser incomodados

Viajantes espaciais
Azul-esverdeados
ou
Verde-azulados
Buscam um combustível
Um precioso líquido
Lhes dá um poder incrível,
De paralisar os seres humanos
Que os olham boaquiabertos
E ficam com uma sensação de alegria
Euforia

Esses seres minúsculos
Têm o poder de ser tão rápidos
Mas conseguem parar no ar

O combustível que os alimenta
É feito em um só lugar
Em Curitiba
Perto do Parque Tanguá
É uma poção cor-de-rosa
Que eles bebem todo prosa

O Tito e a Teté já os viram
Quatro de uma vez
Que amores
São apenas
Beija-Flores


À noite, perguntei se ele, quando começou a ler, havia pensado que a poesia seria sobre outra coisa. Ele, para minha decepção, disse "que nada, pai, desde o começo já sabia que era sobre beija-flor".

Hoje não tem poesia

Um dia eu estava um pouco atrasado. Correndo e sem muita inspiração. Então me passou pela cabeça não fazer nenhum recado além de "Hoje não tem poesia", mas foi impossível. É só começar que a caneta parece que viaja sozihha:

Hoje não tem poesia
Estou muito atrasado
A vida fica vazia
Quando se está apressado

Tudo fica confuso
Não se aproveita nada
Do mundo faz mal uso
Quem passa sem deixar pegada

Corre-corre, sem prestar atenção
No que faz
No que vive
Nem poesia se faz mais não
Que falta de imaginação


Depois de ler, o filho comentou com a mãe: "ele me enganou, disse que não tinha poesia e no fim isto é uma poesia".

Brincando

Coloca mais um verde aqui e ...
Pronto!
Que sapo legal
E se tirar esse outro ali e puser este aqui
UAU!
Agora virou um papagaio
É o mais bonito dos papagaios!
Mas se tira
mexe
vira
põe
troca
procura
muda
e ...
puxa, este está difícil
Encaixa
prende
improvisa
atenção
e lá está um super-aranhão

Viu, eu gosto de brincar com o Lego

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Machucado

Um domingo, o filho brincava com uma tábua pesada que escapou da mão e caiu sobre os dedos do pé dele. Na segunda pela manhã, ele encontrou o seguinte texto:

A tábua estava quase encaixada e
de repente
PUM!!
Caiu no pé do menino

Ai, que pancada
Ai, que dor danada
Ui, até sangue saiu

Mamãe escutou lá do quintal
Papai chegou e foi todo mundo pro hospital

Andar na cadeira de rodas até que foi legal

Raio-X, curativo e faixa
Não quebrou nada, que sorte
Mas a dor era de morte

Agora é descansar o pé
Futebol, nem com o Pelé

Mais cachorros

Com pouco tempo e imaginação, os cachorros no quintal sempre são inspiração:


Quem é quem?

Tem duas bolas de pelo no quintal
Enroladas e encolhidas feito animal

Uma é marrom
Outra, bem clarinha
Quase branquinha

Quando se desenrolam, as duas fazem au-au

Tem outra, que não está no quintal
Foi pra casinha do canil
Acho que estava com frio

Xadrez

Já contei aqui que o filho pediu para frequentar as aulas de xadrez. De noite, depois de uma aula, com ele empolgado contando o que tinha aprendido, decidi que no dia seguinte escreveria sobre xadrez, e saiu o seguinte:

Já viu um chinês que joga xadrez?
O rei vira imperador
O bispo vira monge
A rainha vira imperatriz
Os peões ... São peões mesmo
E todo mundo luta kung-fu

E se um francês joga xadrez,
A torre vira a Torre Eifel.

Se for um italiano,
A torre vai ser meio inclinada
Igual a Torre de Piza

E aquele cara lá, cercado de ovelhas
Tem asas e é um ser voador
Ah, é um anjo da guarda
Dando o xeque pastor


Ele gostou porque na noite anterior estava empolgado porque havia aprendido a dar o xeque pastor

Tosse

Quando voltei de Maringá, encontrei o filho com uma baita de uma tosse:

A goela assa
Essa tosse que não passa

O pulmão arranha
Explode e dói toda a carcaça

O nariz não vence
É tanto catarro que entope

Mais que chata,
Essa tosse é xarope!

Maringá

Um dia precisei viajar a trabalho. Deixei a explicação:

Papai foi viajar
Fui para uma cidade chamada Maringá
Fica no Noroeste do Paraná
É uma cidade bonita, muitas árvores tem por lá

A viagem é curta, amanhã já voltarei
Sou empregado, me mandaram e obedecerei
Se pudesse ficar com você
Então eu seria o rei

Morango

Ao abrir a geladeira para o café da manhã, vi cinco morangos que restaram da noite anterior. A vontade grande de comê-los foi sublimada pelo seguinte texto:

Tem morango na geladeira
Quase que eu como e seria uma besteira
Tito iria querer e fazer uma choradeira
Então deixei lá, pra não causar intriga
Mas um foi parar na minha barriga


O filho leu e correu para a geladeira comer os morangos que sobraram.

Dor no pé

Um dia, sei lá por que, amanheci com uma dor no pé. Mas tudo é motivo para a poesia, principalmente quando você tem apenas 15 minutos para escrever. E ficou assim:

Hoje, amanheci com uma dor no pé
Tem um caroço no meu calcanhar
Quando fui tomar café, ele doía sem parar
Será que está me nascendo uma raiz?
E eu serei uma planta chamada Luiz?

Se uma árvore eu me tornar
Onde você irá me plantar?


O filho, todo carinhoso, respondeu: "Vou plantar você no meu coração"

Mula sem cabeça

Na escola, para a semana do folclore, as crianças estavam lendo sobre lendas. Cada um escolheu uma para pesquisar e apresentar na sala. A do filho foi sobre o "Boto Cor-de-Rosa". Sabe o que ele escreveu na pergunta qual era a função do boto? "Cuidar da natureza e namorar as mulheres". Depois que todos apresentaram, em uma votação foi escolhida a Mula-Sem-Cabeça como o assunto para a montagem de uma peça por eles mesmos que foi apresentada no teatro para toda a escola. Quando ele me contou, ainda meio desapontado porque o boto não havia sido escolhido, o texto da manhã seguinte foi sobre a mula e ficou assim:

Daquele dia
Ele não esquece

Na floresta, ele via
Uma flor que crescia

Papai falou:
"Se apresse,
Porque o dia escurece
Vamos antes que apareça
A mula sem cabeça"


O filho se surpreendeu e, apesar do texto ser bem fraquinho, decidiu levar para a escola e mostrar para os colegas e a professora. Eles também gostaram e queriam ler para o público depois da apresentação da peça. Ainda bem que mudaram de idéia.

sábado, 6 de outubro de 2007

Resfriado

Canseira, sorvete, ele ficou meio resfriado:

Um dia fiquei resfriado
Era espirro, catarro e o corpo cansado
Meu nariz era pingo para todo lado
Minha mãe me fez um chá
Tinha limão, mel e uma ervarada
Era quente, mas parecia uma limonada
De noite suei tanto
Que a cama ficou toda molhada
Mas no dia seguinte
Que resfriado que nada

Segunda-feira

Na segunda-feira, depois de um fim de semana em que ele dormiu na casa das tias, foi a aniversário e de tão cansado acabou dormindo no sofá, em frente à TV:

O fim de semana foi agitado
Na sexta, da escola foi dormir na casa das tias
Ficou até de noitão acordado
No sábado, da casa das tias direto para o aniversário
Voltou para casa tão cansado
Dormiu no sofá, todo largado

Domingo, mais aniversário
Foi ao restaurante
comer peixe
Que luxo
Depois, sorvete no Gaúcho
Tito comeu tanto
Que encheu o bucho

A chuvarada

Uma noite, depois de muitos dias de estiagem, caiu uma chuvarada:

Havia dias que não chovia
Mas na madrugada veio um temporal
Era água e mais água que caía
Alagou todo o quintal

Enquanto chovia, o Tito dormia
Um sono colossal
Nada via nem ouvia
Era uma noite normal

Lá fora o trovão rugia
Um grave grito gutural
O gramado parecia
Uma piscina do Amaral

Cirque du Soleil

No dia 19 de setembro, fui ao Cirque du Soleil. Havia feito uma pequena viagem de um dia, no dia 18, e só veria o filho no dia 20, à noite. Então, decidi escrever para ele sobre o espetáculo. Ficou assim:

O Cirque du Soleil é muito legal
Tem muita gente fantasiada
Mas não tem animal
Tem uns que deixam a platéia assustada
A gente até pensa que eles são do mal
Mas eles não são ruins, que nada
E tem muito riso e até gargalhada
Pois tudo acaba com muita palhaçada

Tem cama elástica com saltos mortais
Malabaristas, contorcionistas e trapezistas

O palhaço, lógico, é o mais engraçado
Tem um que brinca com fogo
E sai de cena bem chamuscado
Não faça isso em casa, cuidado
Ou vai acabar todo queimado

Chocolate

E para o terceiro cachorro, eis o pedido:

"Um poema sobre comida para o Chocolate"

Comer é com o Chocolate
Ele gosta de tudo
Frango, carne, ração
Até abacate

Ele come tanto que até perde a linha
A barriga dele fica gordinha

Não por fome, o danado come até a própria casinha

A boca deste cão
Nunca fica sozinha
Quando não é gostosura
Ela morde a bolinha

A razão desta fome
É conhecida
Afinal
Até o nome dele
Também é de comida


O filho gostou. No papel escreveu: "Pai, bela poesia".

Bionda

Ainda na série de exigências de poesias para cachorros, o filho pediu o seguinte:

"Um poema sobre filhos para a Bionda"

A Bionda parece ser uma boa mãe
A cada ano, 14 filhotes
Sete a cada ninhada

Está prenhe de novo
A danada
Quantos virão
Na próxima fornada?

Laika

Depois do poema para cachorros, em que disse que não me cansava de escrever sobre eles, como se fosse um desafio, o filho exigiu três poemas. Lá vão eles:

"Um poema sobre cor para a Laika":

Temos uma cadela amarela
É Laika o nome dela
O mesmo de uma astronauta
Mas nossa husky, que já foi a mais peralta
Hoje, velhinha, a visão lhe faz falta

Dizem que o cachorro cores não vê
Mas a Laika queria ter um ateliê
Corria atrás do amarelo
Cheirava o roxo do chinelo
Lambia o vermelho do metal
Pulava no verde do quintal

Quando ia na lama,
Marrom ela ficava

No entanto era de um cinza
Que ela mais gostava
A cor do Drasus
O cão que ela amava

Cachorros

Pela primeira vez, repeti um tema: os cachorros:

Quantos poemas se faz para um cachorro?
Muitos! Eu não enjôo
Palavras saem num jorro

Veja a Bionda, por exemplo,
Quando quer, corre mais que o vento

O Chocolate não perde a linha
Correndo atrás da sua bolinha

A Laika já está idosa
mas sempre foi meio dengosa

Até o Drasus, que já morreu,
Acho que foi mais bonito do que eu


O filho gostou de poesia sobre cachorro e encomendou outras três, uma para cada um dos nossos cães, com algumas exigências como vocês vão ver no próximo post.

O que é?

Leve feito brisa
Ao voar, tropeça no vento
De mais cores não precisa
E é puro movimento

Quando chove ela sofre
Coitada
Cada pingo parece ter
Uma tonelada

Incrível que a beleza
Veja só que surpresa
Para de se arrastar e parta
Do corpo de uma lagarta


É claro que ele adivinhou e ainda reclamou: "estava muito fácil".

Monstro

Um dia ele ganhou um brinquedo novo das tias. Ficou brincando com ele a noite toda e o deixou sobre a mesa. A inspiração, nesses 15 minutos disponíveis, tem de sair de qualquer lugar. Ao olhar para o novo dinossauro escrevi o seguinte:

Acordei cedo
E vi um monstro
Que andava sobre a mesa
Acho que fiquei com medo
Mas sabe o que eu fiz?
Cheguei mais perto
E vi
Uma mosca em seu nariz
Fiquei feliz
Se a mosca não sentiu medo
Era um monstro de brinquedo

Terceiro

Os recados, como já falei, começaram testando a capacidade do filho, em processo de alfabetização, ler e entender o que estava escrito. Eis o do terceiro dia:


No quintal
Jogados
Os cachorros
Dormiam
Esparramados
Despreocupados
Certos
De que
Eram
Amados


Ele logo me mostrou que eu subestimava a capacidade dele ler. No verso da folha do recado acima, ele escreveu:

Os cachorros fazem xixi
Mãe e Teté discutem o almoço
E eu, por desgraça,
Ainda estou no café da manhã


Então, ele me libertou para recados mais longos e mais próximos a poemas.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A primeira

Nesta nossa brincadeira (veja a apresentação deste blog, acima), a coisa começou ainda sem tomar a forma de poesia. Era (e ainda é, quem sabe), uma brincadeira com algumas rimas. O filho está aprendendo a ler e por isso os recadinhos são curtos, diretos, simples. Depois, quando vi que ele já lia sem muitos problemas, a brincadeira foi ficando um pouquinho mais complexa, com textos um pouco maiores. A primeira destas brincadeiras, destes recados, deste carinho rimado, foi o seguinte:

Tito
Bonito
Pula mais
Do que
Um
Cabrito


Atrás da folha com este primeiro recado, o filho escreveu:

Já que você
é um perito
me explique
o que é um pito


Depois, no segundo dia, mais uma brincadeirinha, desta vez sobre o costume dele de acordar e não querer trocar de roupa logo:

Tito

Papai
te ama
e aposta
que você
ainda está
de pijama


Ao ler o recado, segundo relato da mãe, ele correu de volta para o quarto, trocou de roupa rápido, como nunca havia feito na vida e então escreveu ao final do recadinho:

"ERROU"

Assim começou toda a brincadeira. Uma forma de comunicação sem muitas regras, livre e espontânea. Por vezes, o filho pede um tema para eu escrever. Na maioria das vezes eu vou inventando rapidinho enquanto tomo café. É coisa que vem na hora e não posso demorar mais que 15 minutos pois senão perco o ônibus e chego atrasado ao trabalho.

Aqui no blog, vou fazer pouquíssimas mudanças em relação aos recados originais. Uma ou outra correção que se faz necessária, mas a idéia é manter o espírito de espontaneidade e, por que não?, urgência na comunicação de pai para filho.